Com dois pré-candidatos ao governo estadual, Petrolina, a 730
quilômetros do Recife, terá fôlego para estar no centro da disputa em
2014? O charme da cidade que é referência nacional em fruticultura
irrigada e em geração de empregos será capaz de reverter a geografia
eleitoral de Pernambuco, onde 100% dos governadores eleitos pelo voto
direto tiveram base metropolitana? As questões começam ser postas diante
da possibilidade de o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra
Coelho (PSB), e o prefeito Julio Lóssio (PMDB) figurarem na cabeça de
chapas majoritárias.
Adversários no âmbito local, os dois estão “na pista” e constroem suas
candidaturas em realidades opostas, mas com coincidências. O socialista é
da base do governador Eduardo Campos (PSB) e, em tese, dispõe de
condições confortáveis. O peemedebista é dos poucos políticos de
Pernambuco a fazer oposição ao governo estadual, o que é sinônimo de
dificuldade. Ambos comandam máquinas com pesos proporcionais aos cargos e
enfrentam resistências nos partidos – Lóssio ainda é processado na
Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico, numa ação movida pelo
deputado federal Fernando Bezerra Filho (PSB), segundo colocado nas
eleições municipais e filho do ministro. Também em comum, há o fato de
nenhum dispor de um “evento” impactante na trajetória a ponto de se
impor como concorrente natural.
Mas o que pode dificultar a situação de Bezerra e Lóssio é a origem
política. De acordo com o sociólogo e ex-secretário estadual de
Planejamento José Arlindo Soares, um candidato ao governo deve contar
com a possibilidade de obter pelo menos metade dos votos do Grande
Recife. “O Sertão do São Francisco responde por cerca de 5% dos votos do
estado e não vejo fatos capazes de mudar a velha geografia do estado,
cujo predomínio é da Região Metropolitana do Recife, onde estão mais 40%
dos eleitores”, diz.
A prevalência metropolitana corrobora a chamada “síndrome Agamenon
Magalhães” (ex-governador do estado), que dizia que sem o eleitorado do
Recife e arredores não se senta na cadeira do Palácio das Princesas.
“Não há governador que tenha chegado reconhecidamente como político
interiorano, do Agreste ou do Sertão. Estes não figuram nem mesmo em
chapa majoritária. Inocêncio Oliveira (deputado federal, PP) não
conseguiu jamais concorrer ao governo ou ao Senado. Nem quando contava
com o apoio de 40 prefeitos”, destaca Arlindo.
Cautela é o que deve predominar ao se analisar a possibilidade de Petrolina, segundo observa o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, trata-se de uma cidade importante, com aeroporto internacional, que se sobressai na fruticultura e tem peso econômico e político. Ele também considera que a postura do ministro e do prefeito mostra que o município tem líderes com altivez e voz. No entanto, ressalta, que os projetos dos dois podem não se confirmar. “Fatores nacionais e estaduais podem pesar. As ‘placas tectônicas’ estão se movimentando. É preciso definir o quadro nacional, vê como fica a economia e como o governador Eduardo Campos se posiciona”, diz.
Cautela é o que deve predominar ao se analisar a possibilidade de Petrolina, segundo observa o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, trata-se de uma cidade importante, com aeroporto internacional, que se sobressai na fruticultura e tem peso econômico e político. Ele também considera que a postura do ministro e do prefeito mostra que o município tem líderes com altivez e voz. No entanto, ressalta, que os projetos dos dois podem não se confirmar. “Fatores nacionais e estaduais podem pesar. As ‘placas tectônicas’ estão se movimentando. É preciso definir o quadro nacional, vê como fica a economia e como o governador Eduardo Campos se posiciona”, diz.
Petrolina vive historicamente sob domínio da família Coelho, que se
reveza na prefeitura desde 1955. Porém se dividiu a partir de 1986 e
hoje parte apoia Lóssio, cujo vice é Guilherme Coelho (PSDB). O único
petrolinense a chegar ao Executivo estadual foi Nilo Coelho, entre 1967 e
1971. Foi governador indicado pela ditadura militar.
Saiba mais
Lóssio: “A importância política está no seu passado por ter fornecido
nomes importantes que serviram ao estado, a exemplo de Nilo Coelho e
Mansueto de Lavor. Está no presente, pois aqui temos desenvolvido
políticas públicas com ênfase na cidadania (habitação, regularização
fundiária, educação na primeira infância, emprego) que podem e devem ser
ampliadas ao estado, que tem crescido, mas ainda mantém um grande nível
de desigualdade. Está no futuro, já que a presença de universidades e
institutos federais faz de nossa cidade uma produtora de talentos com
massa crítica para propor avanços para Pernambuco e de modo especial
para o Semiárido”.
Bezerra: (nota da assessoria) – “O ministro Fernando Bezerra Coelho é do
PSB e segue a orientação do presidente do partido de só tratar temas
relacionados com as eleições de 2014 em 2014. Como ministro de Estado
indicado pelo governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho tratará
desses assuntos no tempo certo”. (Reportagem: Diario de Pernambuco)
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