Após oito meses de investigações, auditores do Tribunal de
Contas do Estado (TCE) concluíram a apuração em campo dos contratos do governo
do Estado com a empresa Ideia Digital, acusada em relatório da Polícia Federal
(PF) de financiar ilegalmente campanhas políticas do PSB e do PSD.
No material, entregue há 20 dias, são apontadas
irregularidades no estabelecimento de dois contratos da empresa com o governo
de Pernambuco. São citadas pelos auditores incoerências como falta de visto da
Procuradoria-Geral do Estado nos certames; ausência de publicação do extrato
final do contrato; serviço precário de banda larga (objeto do contrato); itens
não entregues e sobrepreço na contratação do serviço.
Devido ao tamanho do processo, ele foi desmembrado em duas
partes. A primeira versa sobre o contrato da Ideia Digital com a secretaria de
Ciência e Tecnologia do Estado, no valor de R$ 2,2 milhões, que foi entregue ao
conselheiro Valdecir Pascoal.
Em fase de notificação dos envolvidos, a primeira peça deve
ser levada a julgamento em setembro, mas, conforme relatório parcial, deve
apontar a necessidade de ressarcimento do erário por parte do governo do Estado
em R$ 34 mil.
O resultado da pesquisa de campo dos auditores mostrou ainda
que parte do material que deveria estar sendo usado nas escolas públicas do
Estado estavam alocados no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP).
O segundo trecho do processo está sob análise do conselheiro
João Campos, primo do governador Eduardo Campos (PSB). Trata-se de um contrato
no valor de R$ 54 milhões, estabelecido entre a Ideia Digital e a Secretaria de
Educação de Pernambuco.
Ao JC, o conselheiro João Campos disse não se recordar do
valor que deve ser ressarcido pelo governo em razão do segundo contrato, mas
afirmou que também está em fase de notificação das partes e estima que o
julgamento ocorra em 15 de agosto.
O conselheiro João Campos informou que determinou a imediata
suspensão dos pagamentos à empresa, com a emissão de um alerta cautelar.
O Ministério Público de Pernambuco afirmou, por meio de sua
assessoria, que a solicitação de investigação encaminhada pela PF está nas mãos
do procurador Geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, e que até amanhã deve ser
designado um promotor para dar início aos trabalhos. (Por Bruna Serra | JC Online)
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