Após
não ter conseguido alcançar a meta de construir um milhão de cisternas no semiárido
nordestino entre 2003 e 2008, o governo federal está adotando um novo modelo de
reservatório, feito de polietileno, para tentar acelerar uma das principais
políticas de combate aos efeitos da seca na região.
A
nova tecnologia que vem sendo desenvolvida está gerando polemica em diversos
seguimentos da sociedade, por se tratar de um objeto que chega a custar o dobro
de uma cisterna de placa de cimento (modelo desenvolvido pela ASA).
Outro
ponto negativo da cisterna de plástico é que a mesma já chega até as famílias
prontas, e os recursos/lucros da sua construção ficam apenas nas mãos das
empresas responsáveis pela construção. Já a cisterna de placa de cimento é uma
tecnologia construída pela própria comunidade local, que recebe capacitação
para construir a cisterna, o material é comprado na própria região oque
fortalece o comercio local.
Como
se não bastasse o alto valor para os cofres públicos a cisterna de plástico
tornou-se um pesadelo para as famílias que tanto esperaram por um reservatório
que pudesse armazenar água de qualidade para o período seco, as primeiras
cisternas implantadas, após três meses começaram a virar lixo em vez de
deposito de água para consumo das famílias.
Deformações
O
problema são as cisternas de polietileno já entregues às famílias. Algumas
delas apresentaram problemas menos de três meses após montadas. O caso ocorreu
no município de Cedro, no sertão do Ceará, onde duas cisternas deformaram,
supostamente por conta do forte calor da região. Fotos divulgadas pela ASA
foram suficientes para uma série de protestos, inclusive nas redes sociais.
Em
nota, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba), responsável pela instalação e manutenção das cisternas, informou que
a responsável pela fabricação foi notificada e já teria entregado duas novas
cisternas. “Ressalta-se que o Ministério da Integração Nacional adota rigorosos
procedimentos de controle de qualidade durante a fabricação e a entrega das
cisternas.” Ainda segundo a Codesvasf, o tempo de vida útil da cisterna é de no
mínimo 20 anos.
O
argumento é rebatido por especialistas. "Essas cisternas têm um ciclo
pequeno. Daqui a um tempo, vai ser um monte de lixo plástico espalhado pelo
Nordeste. Além disso, estive falando com famílias, e elas questionam, porque
não têm como entrar e lavar, o manuseio é diferente. Na cisterna de placa, a
própria família pode consertar. São cisternas para 30 anos, mas essas com três
meses estão deformando. Eles repuseram, mas vão repor até quando?", alegou
o técnico do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, em Juazeiro
(BA), José Carlos dos Santos Neri.
CONFIRA ALGUMAS DAS DIFERENÇAS
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CISTERNA DE PLÁSTICO
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CISTERNA DE PLACA DE CIMENTO
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Fabricada por uma grande empresa
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Construída pela própria comunidade
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Lucro somente das empresas
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Melhoria de renda da comunidade
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Fortalecimento das grandes empresas
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Fortalecimento do comercio local
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Tecnologia pronta
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Capacita a comunidade para ser autora do seu próprio empreendimento
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Manutenção feita exclusivamente por uma empresa especializada
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Comunidade capacitada mesmo é quem faz a manutenção
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Custa R$ 5.090,00
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Custa R$ 2.200,00
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