sexta-feira, 23 de março de 2012

Cisternas de plástico: sonho ou pesadelo

Após não ter conseguido alcançar a meta de construir um milhão de cisternas no semiárido nordestino entre 2003 e 2008, o governo federal está adotando um novo modelo de reservatório, feito de polietileno, para tentar acelerar uma das principais políticas de combate aos efeitos da seca na região.
A nova tecnologia que vem sendo desenvolvida está gerando polemica em diversos seguimentos da sociedade, por se tratar de um objeto que chega a custar o dobro de uma cisterna de placa de cimento (modelo desenvolvido pela ASA).
Outro ponto negativo da cisterna de plástico é que a mesma já chega até as famílias prontas, e os recursos/lucros da sua construção ficam apenas nas mãos das empresas responsáveis pela construção. Já a cisterna de placa de cimento é uma tecnologia construída pela própria comunidade local, que recebe capacitação para construir a cisterna, o material é comprado na própria região oque fortalece o comercio local.
Como se não bastasse o alto valor para os cofres públicos a cisterna de plástico tornou-se um pesadelo para as famílias que tanto esperaram por um reservatório que pudesse armazenar água de qualidade para o período seco, as primeiras cisternas implantadas, após três meses começaram a virar lixo em vez de deposito de água para consumo das famílias.




Deformações
O problema são as cisternas de polietileno já entregues às famílias. Algumas delas apresentaram problemas menos de três meses após montadas. O caso ocorreu no município de Cedro, no sertão do Ceará, onde duas cisternas deformaram, supostamente por conta do forte calor da região. Fotos divulgadas pela ASA foram suficientes para uma série de protestos, inclusive nas redes sociais.
Em nota, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), responsável pela instalação e manutenção das cisternas, informou que a responsável pela fabricação foi notificada e já teria entregado duas novas cisternas. “Ressalta-se que o Ministério da Integração Nacional adota rigorosos procedimentos de controle de qualidade durante a fabricação e a entrega das cisternas.” Ainda segundo a Codesvasf, o tempo de vida útil da cisterna é de no mínimo 20 anos.
O argumento é rebatido por especialistas. "Essas cisternas têm um ciclo pequeno. Daqui a um tempo, vai ser um monte de lixo plástico espalhado pelo Nordeste. Além disso, estive falando com famílias, e elas questionam, porque não têm como entrar e lavar, o manuseio é diferente. Na cisterna de placa, a própria família pode consertar. São cisternas para 30 anos, mas essas com três meses estão deformando. Eles repuseram, mas vão repor até quando?", alegou o técnico do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, em Juazeiro (BA), José Carlos dos Santos Neri.

CONFIRA ALGUMAS DAS DIFERENÇAS

CISTERNA DE PLÁSTICO

CISTERNA DE PLACA DE CIMENTO

Fabricada por uma grande empresa

Construída pela própria comunidade

Lucro somente das empresas

Melhoria de renda da comunidade

Fortalecimento das grandes empresas

Fortalecimento do comercio local

Tecnologia pronta

Capacita a comunidade para ser autora do seu próprio empreendimento

Manutenção feita exclusivamente por uma empresa especializada

Comunidade capacitada mesmo é quem faz a manutenção

Custa R$ 5.090,00

Custa R$ 2.200,00





 

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